Esta pandemia está a levar a que a saúde mental das pessoas seja gravemente afetada. Mas antes de tudo, temos que relembrar-nos da sorte que temos em passar por esta pandemia na era da comunicação eletrónica, o que nos proporciona informação, ligação, produtividade e entretenimento. Somos igualmente afortunados por termos décadas de investigação psicológica para nos guiar através desta experiência de isolamento, ajudando-nos a evitar a depressão e a ansiedade, e a crescer e a prosperar nesta situação tão atípica.
A ideia deste artigo e partilhar algumas dicas de como estar fisicamente isolado sem permitir que isto tenha um custo mental.
#1: Cria uma estrutura
Faz um horário todos os dias e cumpre-o. Podes querer alterá-lo nos fins-de-semana ou em dias diferentes para variar. Se não preencheres conscientemente o teu tempo, o teu tempo vai preencher-se por ti. Ouve podcasts, vê vídeos, lê, faz exercício, fala com os teus amigos, trabalha num projeto, cria arte, ouve música, dança, joga jogos, cozinha, toma banho ou faz o que quer que seja que te faça sentir bem no final do dia. Basta ser proactivo, em vez de reativo.
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#2: Mexe-te
Dá a ti próprio um objetivo diário para exercício físico. Podes sempre sair para caminhar, correr ou andar de bicicleta. Há também milhares de vídeos do YouTube para te guiar em exercícios, alongamentos e yoga para que não precises de um ginásio ou de qualquer equipamento para manteres a tua atividade física ou começares uma nova rotina.
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#3: Aprende algo novo
Existe algo especial que sempre quiseste dominar? Esta é uma ótima altura para dar início a isso e podes começar por ler online, encomendar livros ou ver YouTube e outros vídeos. Pode haver coisas mais pequenas que possas estudar e que te apoiem no teu trabalho, num hobby, ou no teu crescimento pessoal. Este é o momento perfeito para mergulhar em grandes investigações ou aprender algo mais simples diariamente.
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#4: Mantém-te conectado
Telefona ou faz um chat de vídeo com pelo menos uma pessoa todos os dias. Utiliza esta oportunidade para falar com pessoas com as quais raramente tens tempo para o fazeres. Escreve uma carta a alguém que te tenha ajudado no passado. Podes até fazer atividades separadamente, como ver o mesmo filme, ler o mesmo livro, cozinhar ou dar um passeio e falar sobre isso com um amigo ou membro da família.
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#5: Cria significado
Os seres humanos estão ligados por um sentido e um propósito. Há uma diferença entre o que sentimos no final do dia, se apenas deixamos passar o tempo ou se fizemos algo significante para nós. Exemplos de projetos pessoais interessantes podem ser escrever uma história pessoal para os nossos filhos ou entes queridos; organizar fotografias; criar um projeto de trabalho em madeira, jardinagem ou arte; aprender uma língua; ou fazer qualquer outra coisa que te dê uma sensação de satisfação no final do dia em vez de frustração por teres desperdiçado o teu tempo.
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#6: Diverte-te
Finalmente tens permissão para ver aquela série que sempre quiseste ver, tomar longos banhos, caminhar, jogar um torneio online, fazer o puzzle de mil peças que a tua tia te deu no Natal de 2010, ou ouvir todas as canções que existem das tuas bandas favoritas. Então e aquela trilogia de livros que sempre disseste que ias ler? Perde a cabeça! Faz o que bem te apetecer.
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#7: Mantém o equilíbrio
Certas atividades, como os jogos online, parecem ser boas quando as fazemos, mas podem deprimir-nos quando terminamos. Mantém o equilíbrio das dinâmicas para que tenhas uma variedade que inclui estimulação mental, exercício físico, ligação com os outros, diversão, crescimento pessoal e realização.
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#8: Alimenta o teu crescimento
Os nossos cérebros formam ligações baseadas nas experiências que experienciam, por isso, este é o momento perfeito para te dares uma nova experiência emocional diariamente e trabalhares a tua saúde mental. Se tens o objetivo de te tornares mais relaxado, podes fazer visualizações*, aprender a meditar ou fazer yoga. Existem recursos online ou livros de exercícios que irão sugerir práticas diárias para te ajudar a seres menos autocrítico, mais positivo, mais confiante, mais auto-conectado, melhor comunicador, menos ansioso ou mais compreensivo. Dá a ti próprio uma nova prática diária, uma espécie de ‘diário de gratidão’, e poderás sair desta experiência num lugar psicologicamente melhor do que quando entraste nela.
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#9: Pensa positivo
Os nossos cérebros têm tendência para a negatividade, com o intuito de procurar o perigo e de nos manter em segurança. Se não queremos ficar deprimidos e ansiosos, temos de fazer um esforço para avançar em direção ao positivo. Se estivermos sempre a pensar no que pode correr mal, estamos a dar ao nosso cérebro uma experiência negativa mesmo que nenhum dos nossos medos se concretize. Usa isto como uma oportunidade para coletares os teus pensamentos negativos e identificá-los como velhos hábitos mentais e não como verdades. Pergunta-te se é possível um resultado positivo e concentra-te em como este seria isso. Se pensares em ficar em casa como uma aventura, vais ter histórias para contar sobre isso um dia. É muito melhor do que se pensares nisso como uma catástrofe e atraíres negatividade.
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#10: Limita os inputs negativos
É claro que todos precisamos de ouvir as notícias para obter informações sobre a situação, mas não há razão para te atualizares mais do que uma ou duas vezes por dia. Decide como vais receber as tuas notícias e escolhe uma fonte fiável. A imprensa escrita é um meio melhor do que o vídeo para receber o conteúdo de forma factual e não emocional. Não te deixes arrastar para atualizações constantes. Melhor ainda, procura um site de “boas notícias” e recebe uma dose diária destas para contrariar as notícias que provocam ansiedade. Os nossos cérebros respondem a tudo com que o alimentamos e isto vai ajudar-te a manter a tua saúde mental.
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#11: Relaxa
Muitos de nós temos preocupações reais, tais como uma queda no rendimento ou um parente doente. É importante resolver estes problemas e é igualmente importante dar a nós próprios uma pausa na resolução dos mesmos. Faz o que quer que te dê um sentimento físico de relaxamento. Podes escolher um velho favorito, como abraçar o teu cão, ou podes tentar algo novo, como respirar fundo.
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#12: Limita o tempo online
Mais tempo de ecrã torna-nos mais deprimidos e ansiosos a longo prazo, embora possas sentir-te bem a curto prazo. Os designers de software usam a nossa psicologia e fisiologia para nos atrair para páginas e manter-nos lá. Decide antecipadamente quanto tempo vais passar em ecrãs. Guarda o teu telefone durante algumas horas de manhã e à tarde ou verifica-o apenas uma vez por hora. As pesquisas mostram que dormir com o telefone à distância de um braço pode perturbar o sono.
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Lembra-te sempre que não estás sozinho e não deixes que os pensamentos negativos te dominem e afetem a tua saúde mental. Se achares que não consegues controlar esses pensamentos, procura ajuda, ainda que online, para que estes não cresçam até um ponto sem retorno.
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* Visualização: Método de ouvir algo e ires criando uma imagem mentalmente sobre o assunto e como este se desenvolve. Já deves ter ouvido aquela frase que diz: “Todas as coisas são criadas duas vezes – uma na tua mente (através da visualização) e depois na realidade”. A visualização é uma (ou a tua ferramenta mais poderosa) para criar uma realidade em que possas pensar. Se acrescentares visuais claros, vívidos e detalhados aos teus pensamentos, será mais fácil trazê-los para a realidade e torna-los não só possíveis, como mais fáceis.